Lindomar Castilho
Lindomar Cabral (Lindomar Castilho), nasceu no dia 21 de janeiro de 1939 em Santa Helena, distrito de Rio Verde, no estado de Goiás.
Um dos maiores vendedores de discos do Brasil nos anos 70, o cantor e compositor Lindomar Castilho é dono de uma biografia tão intensa e dramática como boa parte dos boleros que cantou. Transferiu-se para Goiânia, onde cursou a Faculdade de Direito. Em 1960, após ser aprovado em concurso, ingressou na Secretaria de Segurança Pública e abandonou a faculdade no 2º ano. Antes, porém, havia trabalhado como diretor do escritório da companhia Viatécnica S/A.
Sua carreira musical começou quando o compositor e então diretor artístico da gravadora Continental, Diogo Mulero, o Palmeira, da dupla Palmeira e Biá esteve em Goiânia. Na residência do compositor e escritor Bariani Ortêncio, Palmeira ouviu o ponta-esquerda do Sírio Libanês, que chegou a ser convidado para fazer um teste no Corinthians, soltando o vozeirão. Imediatamente o convidou para gravar um LP e sugeriu que adotasse o pseudônimo de Lindomar Castilho. "O nome foi mudado justamente em função de um futuro sucesso latino-americano que ele previa para mim", revelou em 1976. No final de 1962 gravou em São Paulo seu primeiro álbum: "Canções que Não Se Esquecem", cantando 12 sucessos do cantor, compositor e ator Vicente Celestino, sua principal influência artística. Nesse ano deixou de trabalhar na Secretaria de Segurança Pública. Lindomar mudou-se para São Paulo e ingressou como Chefe de Relações Públicas da firma de colchões de molas Epeda. Gravou ainda um compacto com a música "Margarida", de Lupicínio Rodrigues. Em 1964 lançou pela Continental "Alma, Coração e Vida", seu segundo LP, conduzido pela faixa-título e por "Somente uma Flor", e fez shows pelo país em nome da Epeda. Já desligado da Epeda, gravou em 1965 "Escuta Minha Oração", com destaque para as faixas "Falhaste Coração" e, um de seus maiores sucessos como intérprete, "Ébrio de Amor", gravada também em espanhol e lançada na América Latina. No ano seguinte lançou "Mensagem de Carinho", que revelou as canções "Inesquecível" e "Por Esta Mesma Porta", e entre 1967 e 1968, gravou três álbuns, com destaque para "Amor de Pobre", "Meu Coração Está de Luto", "Esta Tarde Vi Chover", "Contigo Aprendi", "Coração, Coração", "Porta na Cara", "A Chance" e "Saudade de Você". Em 1969, teve fôlego para lançar três LPs: "Somos Iguais", "En Castellano", e "Canções que Não Se Esquecem - Vol. 02", este com regravação de antigos sucessos e da última música composta por Vicente Celestino, "Minha Mãe" (com Marina Ghiaroni), gravada pelo autor em "Obrigado Meu Brasil" (RCA Víctor em 1968).
Em 1970 Lindomar Castilho estreou na RCA Víctor, sua nova gravadora, com um LP que trouxe, além do sucesso "Pureza", a música "Aleluia ao Amor", sua primeira incursão como compositor. Amparado por hinos como "Mamaracho" e "Coração Vagabundo", o ilustre cidadão de Santa Helena gravou em 1973 "Vou Rifar Meu Coração", que grifou seu sucesso internacional. De acordo com o release do cantor na época, a música "Vou Rifar Meu Coração" o projetou efetivamente no cenário mundial, e só no México recebeu mais de 50 gravações. O LP gravado em espanhol lhe proporcionou sucessos em mais de 50 países. E segundo o departamento de imprensa da RCA em 1976, o sucesso de Lindomar Castilho nos países latino-americanos e no mercado latino dos Estados Unidos foi uma realidade indiscutível, chegando, em alguns casos a obter índices de vendagem difíceis de serem conseguidos até por grandes astros dos próprios países, como foi o caso do México, quando do lançamento do compacto-simples "Voy a Rifar Mi Corazón" (Eu Vou Rifar Meu Coração), que vendeu nada menos de 78 mil cópias só na semana de lançamento. Quando foi lançado o LP "Eres Loca de Verdad" (Você é Doida Demais), no mercado latino dos Estados Unidos, foi necessária uma importação de álbuns do México, para reposição imediata, em função do alto número de pedidos conseguidos em todo o território americano, muitas vezes maior que os LPs que havia em estoque". Um de seus maiores sucessos, "Você é Doida Demais", composto com seu parceiro mais constante, Ronaldo Adriano, conduziu o álbum "Eu Canto o que o Povo Quer", que ganhou versão para o mercado latino. Na RCA gravou músicas de grande repercussão como "Oi Sô", "Feiticeira", "O Invejoso", "Minha Mãe, Minha Heroína", "Nós Somos Dois Sem-Vergonha", "Camas Separadas", "Cheguei Pra Ver", "Adeus Mariana", "Rei Sem Trono", "Eu Não Sou Nenhum Bandido", "Mais um Cigarro Fumado", "Sul Brasileiro", "O Troco", "Tema da Tarde", "Homem de Pedra" e "Eu e a Viola". Com 10 LPs em espanhol gravados em El Salvador, México e Estados Unidos, Lindomar lançou em meados da década de 70 os micro-sulcos "O Incomparável - Volume II" ("Três Vidas, Três Destinos", "Carga Pesada" e "Estou Perdendo a Cabeça Por Você"), "O Filho do Povo" (1976) e "Chamarada" (1977). Consagrado pela revista americana "Billboard" como o "El Nuevo Ídolo de Las Américas", o cantor representou em 1977 o Brasil como campeão de vendas de discos no programa "Coast to Coast", da televisão americana, em San Francisco, Califórnia.
Ainda nesse ano, conheceu nos corredores da RCA, em São Paulo a cantora iniciante, Eliane Aparecida de Grammont, com quem se casou no dia 10 de março de 1979, e teve uma filha, Liliane. Antes de casar, os dois decidiram que ela não cantaria mais para se dedicar ao lar.
No dia 30 de março de 1981, no Café Belle Epoque, no Jardim América, em São Paulo, Lindomar, recordista em vendagens de discos e coroado como "O Rei do Bolero", matou Eliane, de quem havia se separado há alguns meses. Após a separação, Eliane voltou a fazer shows, e naquela noite cantava acompanhada pelo violão de Carlos Randall, seu novo namorado e primo de Lindomar. Levou cinco tiros pelas costas. Autuado em flagrante, Lindomar Castilho foi condenado a 12 anos de prisão no dia 23 de agosto de 1984, por homicídio doloso e tentativa de homicídio (também tentou matar Randall). O caso pontuou verticalmente o movimento feminista nacional. Em 1985 foi criada em São Paulo a primeira Delegacia de Defesa da Mulher do Brasil, e em 1990, pela Prefeitura de São Paulo, a Casa Eliane de Grammont, um centro especializado no atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica e sexual. Depois de cumprir doze anos de pena - seis em regime semi-aberto - Lindomar Castilho ganhou em 1996 sua liberdade. E, como ele mesmo afirma, somente retornou à carreira graças aos pedidos de sua filha. Lançou em 2000 pela Sony Music, "Lindomar Castilho Ao Vivo", gravado no Teatro Goiânia-GO, e suas músicas "Eu Vou Rifar Meu Coração" e "Você é Doida Demais" fizeram parte da trilha sonora do filme "Domésticas", dirigido por Fernando Meirelles e Nando Olival. E em 2001, "Você é Doida Demais" se tornou tema de abertura do seriado "Os Normais", da TV Globo.
LINDOMAR CASTILHO - FUTPEDIAMUSIC SELECTION
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